Ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner é condenada à 6 anos de prisão

A Suprema Corte da Argentina manteve uma sentença de seis anos de prisão contra Cristina Fernández de Kirchner, a ex-presidente polarizadora e uma das políticas mais influentes do país, impedindo-a de exercer cargos públicos pelo resto da vida.

Kirchner, 72, foi formalmente acusada de corrupção na terça-feira e recebeu cinco dias para se apresentar ao tribunal para ser presa.

A decisão representa um golpe devastador para a mulher que personificou o poderoso movimento peronista do país e teve grande influência na sociedade argentina por duas décadas. Ela governou a Argentina de 2007 a 2015, sucedendo seu marido, Néstor Kirchner, e posteriormente atuou como vice-presidente até a eleição do libertário Javier Milei em 2023.

Kirchner, que é a líder do partido Justicialista de esquerda, a principal oposição ao governo de direita de Milei, rejeitou as acusações contra ela e acusou o governo de perseguir a oposição.

“Não é paradoxal que eles gozem de absoluta liberdade para continuar fazendo as mesmas coisas, causando a mesma dor, o mesmo sofrimento ao povo argentino?”, disse ela sobre a direita política. “Eles estão livres e eu sou uma prisioneira.”

Kirchner também questionou o momento da decisão, que ocorreu quando ela planejava buscar um retorno político nas próximas eleições para a legislatura provincial de Buenos Aires.

Muitos argentinos, incluindo o governo Milei, acusam Kirchner de roubar o país e de mergulhar sua economia em crises econômicas sucessivas. Milei, um libertário radical aliado ao presidente Donald Trump, surfou em uma onda de raiva contra o establishment político peronista para vencer as eleições de 2023 e levar o país drasticamente à direita.

Mesmo assim, Kirchner continua a mobilizar um movimento de fãs leais. Ela recebeu a notícia na terça-feira cercada por apoiadores que se reuniram nas ruas de Buenos Aires e bloquearam algumas rodovias.

Milei escreveu no X após a decisão ser tornada pública: “Justiça. Fim.”

Kirchner foi acusada de corrupção depois que investigações determinaram que ela e o falecido marido criaram uma construtora e assinaram contratos na província de Santa Cruz. Durante 12 anos, a empresa recebeu quase 80% dos contratos públicos da província.

Ela foi condenada em 2022 , quando um painel de três juízes a considerou culpada de fraude por direcionar milhões de dólares em dinheiro do contribuinte para um amigo da família. Ela negou qualquer irregularidade. Vários funcionários de sua administração foram condenados em casos separados de corrupção.

Kirchner continua enfrentando diversos julgamentos por acusações de corrupção. Em março, o Secretário de Estado Marco Rubio proibiu Kirchner de entrar nos Estados Unidos por seu “envolvimento em corrupção significativa” durante seu mandato.

Não está claro se a ex-presidente cumprirá pena de prisão, em parte devido à sua idade. A lei argentina permite que pessoas com mais de 70 anos cumpram prisão domiciliar. Seu advogado informou à imprensa local na terça-feira que solicitarão que ela cumpra a pena em casa. O tribunal ordenou que “medidas especiais de segurança” sejam tomadas, dada a tentativa de assassinato contra Kirchner em 2022.

“Como sempre, colocaremos nossos corpos em risco porque não fugimos, é o que a máfia de direita faz. Nós, peronistas, ficamos aqui e colocamos nossos rostos e corpos em risco”, disse Kirchner a apoiadores em frente à sede do seu partido na terça-feira. “Não somos máfia.”