Isaac dos Anjos: A Opção Consensual para a Ala corrupta os "Eduardista"?

Isaac dos Anjos: A Opção Consensual para a Ala corrupta os “Eduardista”?

 

Luanda – À medida que se intensificam as movimentações de bastidores para a sucessão de 2027, o nome de Isaac dos Anjos, um quadro experiente e com vasta carreira governativa, ressurge com uma nova e complexa conotação: a de ser uma potencial figura de consenso para a influente, mas silenciosa, ala do MPLA ligada ao legado do ex-presidente José Eduardo dos Santos.

Esta fação, frequentemente rotulada pelos seus críticos como a “ala dos eduardistas corruptos”, é composta por figuras proeminentes do partido que foram afastadas ou perderam influência sob a bandeira da “luta contra a corrupção” promovida pelo Presidente João Lourenço.

Descontentes com a atual liderança, mas sem força para a confrontar abertamente, estes quadros procuram um candidato que possa, simultaneamente, ser aceitável para o sistema e proteger os seus interesses, reabilitando a sua posição no xadrez do poder.

É neste cenário que Isaac dos Anjos se torna uma figura de interesse. Com um perfil mais político e agregador do que o tecnocrata Manuel Homem, dos Anjos é visto como um “construtor de pontes”. Tendo servido como governador em províncias importantes como Benguela e Huíla, ele cultivou relações transversais dentro do partido, incluindo com muitos dos quadros que hoje se sentem marginalizados.

A sua eventual candidatura poderia ser interpretada como um armistício. Para a ala “eduardista”, apoiar Isaac dos Anjos não seria uma rutura, mas uma reintegração estratégica. Ele não é visto como um radical, mas como um pragmático que entende a necessidade de pacificar um partido internamente fraturado. “Isaac dos Anjos fala a língua da velha guarda e da nova liderança. Ele sabe como negociar e poderia garantir uma transição menos conflituosa, onde os interesses de figuras agora postas de lado seriam acautelados”, afirma um analista político atento às movimentações no seio do MPLA.

Para o próprio João Lourenço, caso a sua opção por um sucessor de lealdade pura como Manuel Homem se mostre inviável por falta de apoio interno, Isaac dos Anjos poderia emergir como um “mal menor”: um candidato que, embora não seja da sua criação, é suficientemente institucional para não promover uma caça às bruxas, garantindo uma sucessão controlada.

Assim, Isaac dos Anjos posiciona-se não como o candidato de uma rutura, mas como o rosto de uma possível reconciliação interna. A sua força reside na capacidade de ser percebido como uma opção consensual, especialmente para uma ala poderosa que, apesar de enfraquecida, ainda procura desesperadamente uma forma de sobreviver e de voltar a influenciar os destinos de Angola.

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