Cuanza Norte, Angola – Em um evento que gerou forte indignação nas redes sociais, o governador da província do Cuanza Norte, João Diogo Gaspar, liderou no último sábado, 11 de outubro de 2025, um ato político do MPLA em uma aldeia local. O evento, marcado por uma atmosfera festiva com música, dança e a distribuição de bandeiras e camisas do partido no poder, é agora apontado por críticos como um símbolo do profundo descaso do governo para com as necessidades básicas da população.
O vídeo em posse do Maka Mavulo News, da atividade de massa mostra militantes e apoiantes eufóricos, cantando e dançando ao som de slogans de exaltação ao partido e aos seus líderes. Vê-se o governador a interagir com a população, num cenário de aparente celebração e unidade. No entanto, a realidade por trás da fanfarra política é desoladora.
O povo da aldeia denunciam que a comunidade visitada pela comitiva do MPLA sobrevive em condições de extrema precariedade. A aldeia não dispõe de acesso a água potável canalizada nem a energia elétrica. Faltam infraestruturas essenciais como um posto de saúde ou hospital condigno, e as escolas são inadequadas, comprometendo o futuro de crianças e jovens. A fome e a falta de bens de primeira necessidade são uma realidade diária para muitas famílias que agora ostentam as novas cores do partido.
Este ato de oferecer símbolos partidários a uma população que carece de tudo é descrito como uma “política colonialista e ditatorial”, focada na manutenção do poder através de gestos simbólicos e assistencialistas, em vez de investimentos estruturais que promovam o desenvolvimento e a dignidade humana.
“É um teatro do absurdo”, comentou um cidadão online. “O povo precisa de água, não de bandeiras. Precisa de comida, não de camisas. Vão celebrar o quê, exatamente? A própria miséria em que vivem?”.
Está situação no Cuanza Norte espelha uma crítica recorrente ao MPLA, que governa Angola ininterruptamente desde a independência: a de que o partido se distanciou da realidade do povo, utilizando a máquina do Estado para promover a sua própria imagem enquanto vastas áreas do país permanecem mergulhadas no subdesenvolvimento. A alegria contagiante vista no vídeo contrasta de forma gritante com o abandono sentido por quem, ao final do dia, regressa a uma casa sem luz e com a incerteza do que terá para comer no dia seguinte.
