França evacua presidente de Madagascar em meio a motim militar e revolta popular
Evacuação de Andry Rajoelina ocorre após acordo com Macron; exército e população tomam as ruas exigindo renúncia do governo.
Antananarivo, 13 de outubro de 2025 — O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, foi evacuado do país por um avião militar francês, após uma onda de protestos e um motim dentro das forças armadas ameaçarem derrubar seu governo. A informação foi confirmada pela Rádio França Internacional (RFI) e por fontes diplomáticas em Paris.
A evacuação foi realizada sob acordo direto com o presidente francês Emmanuel Macron, que autorizou o resgate em caráter humanitário. As autoridades francesas, contudo, afirmaram que não se trata de uma intervenção na crise interna que abala o país desde 25 de setembro.
O movimento de contestação, inicialmente motivado por cortes prolongados de água e eletricidade, cresceu e se transformou em uma mobilização nacional pela saída de Rajoelina.
Nos últimos dias, as forças de segurança reprimiram duramente os protestos, enquanto setores das forças armadas — incluindo oficiais da gendarmaria paramilitar — declararam apoio aos manifestantes e assumiram posições estratégicas em Antananarivo.
Tentativa de golpe e fuga de aliados
A presidência malgaxe havia alertado no domingo sobre uma tentativa de golpe liderada por membros do Capsat, unidade de elite que em 2009 ajudou o próprio Rajoelina a tomar o poder.
Fontes locais informam que o ex-primeiro-ministro Christian Ntsay e o empresário Mamy Ravatomanga, aliado próximo de Rajoelina, fugiram para Maurício em um jato particular na noite de sábado.
O presidente, que deveria fazer um pronunciamento à nação nesta segunda-feira, não foi visto em público antes da confirmação de sua evacuação. Ele também faltou à cerimônia de nomeação do novo chefe da gendarmaria, o general Nonos Mbina Mamelison, realizada no sábado.
Enquanto isso, o general Deramasinjaka Rakotoarivelo, ministro das Forças Armadas, e o general Demosthène Pikulas, nomeado pelo Capsat como novo chefe do exército, compareceram ao evento, em meio a forte tensão militar.
Clima de festa nas ruas
No domingo, cerca de mil pessoas se reuniram na histórica Place du 13 Mai, em frente à prefeitura da capital, para celebrar as tropas do Capsat. Veículos blindados desfilaram no meio da multidão, sob aplausos e bandeiras malgaxes, em uma cena que simboliza o colapso da autoridade presidencial.
Ainda não se sabe o destino final de Andry Rajoelina, nem se ele pretende renunciar ou formar um governo no exílio.
A França, por ora, mantém posição de neutralidade oficial, limitando-se a garantir a segurança de seus cidadãos e instalações diplomáticas em Madagascar.
Edição Makamavulo News – Internacional
Com informações da RFI, Reuters e agências locais.