O MINISTRO BILIONÁRIO: JOÃO BAPTISTA BORGES NO CENTRO DE NOVAS SUSPEITAS DE CORRUPÇÃO NO SETOR DA ENERGIA
Por Paulo Leite Barros (Grupo V4 Comunicação) | 12 de Outubro de 2025
LUANDA — O nome do Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, volta a agitar os corredores do poder, desta vez sob o peso de acusações de enriquecimento ilícito, tráfico de influência e negócios familiares milionários que se enraizaram no próprio setor que dirige. Nos bastidores, onde é ironicamente conhecido como “O Ministro Bilionário”, a percepção de impunidade ameaça minar as promessas de transparência do Governo.
Fontes internas do Ministério da Energia e Águas, quebrando o silêncio por temerem o aprofundamento do desvio de fundos públicos, revelaram ao Agita News a existência de um modus operandi contínuo: familiares diretos do ministro continuam a beneficiar-se de contratos públicos através de uma rede de empresas subcontratadas que operam como testas-de-ferro em esquemas de favorecimento.
O RASTRO DA DIVERMINDS E OS LAÇOS FAMILIARES
O centro das novas suspeitas é um sobrinho do ministro — apontado por técnicos da pasta como o seu principal operador empresarial. Este indivíduo, que atua com discrição, controlaria diversas empresas com ligações a contratos milionários de fornecimento e assistência técnica essenciais para a infraestrutura energética do país.
Entre as empresas sob escrutínio, destaca-se a Diverminds. Documentos obtidos pela nossa redação indicam que a Diverminds teria sido subcontratada pela multinacional chinesa Hong Kong Yongda Holding num acordo de quase 1 milhão de euros para apoio técnico em projetos de energia em Angola. O que levanta a bandeira vermelha é a estrutura acionista: a Diverminds pertence, de facto, ao sobrinho e a um dos filhos do ministro João Baptista Borges, numa clara e inadmissível sobreposição entre interesses públicos e privados.
INGERÊNCIA E PROVAS DOCUMENTAIS
Funcionários do ministério, ouvidos sob a condição rigorosa de anonimato devido ao medo de represálias, confirmam a ingerência direta de Borges nas decisões mais sensíveis.
“Enquanto o povo continua sem água nas torneiras e com cortes diários de luz, há quem transforme o setor num império de negócios familiares. Temos provas documentais e comunicações internas que demonstram a pressão direta do ministro em decisões de contratação e adjudicação de obras,” lamentou um técnico sénior da Direção Nacional de Energia.
A crescente fortuna atribuída ao ministro, em contraste com a precariedade dos serviços de energia e água para milhões de cidadãos, alimenta o debate sobre a corrupção institucional e o nepotismo no Executivo.
O Agita News apurou ainda que um grupo de altos funcionários está a finalizar a compilação de provas para formalizar denúncias urgentes junto da Inspeção-Geral da Administração do Estado (IGAE) e da Procuradoria-Geral da República (PGR). O objetivo é que seja iniciada uma investigação aprofundada sobre todos os contratos assinados no setor nos últimos cinco anos.