Condenar, por alegado tráfico de influência, um general que por vezes assumiu o papel de Presidente da República, que andou pelo mundo a comprar armamento destinado “a defesa da integridade da pátria”, como se dizia na altura, mas também por Angola com malas de dinheiro para assegurar vitórias eleitorais do MPLA, incluindo para a eleição do actual Presidente da República, a prevalecer, no mínimo, é ingratidão. Arranjem outro argumento mais sério.Independentemente de outros crimes que lhe tenham sido imputados, e que poderá ter mesmo cometido no uso das suas competências, esse, que serve agora de argumento para uma eventual condenação, é demasiado patético. A ser aceite, obriga à revisão da legalidade de muitos actos, cometidos em nome do Estado, que abonam o próprio MPLA.Este é daqueles casos em que, se o homem abre mesmo a boca, “o país não acorda”. Ou matam-no, antes, durante ou depois. O próprio tem consciência que se falar um terço do que sabe, “cai o Carmo e a Trindade” porque mais do que qualquer um, está sob permanente vigilância. E por isso adopta uma postura discreta.
