Por: Fernando Vumby
A política interna da UNITA vive um momento de grande expectativa: a possível candidatura de Isaías Samakuva à presidência do partido, desafiando o atual líder Adalberto Costa Júnior (ACJ). Esta não é uma simples disputa, mas um choque de gerações e estratégias, que coloca em xeque a estabilidade interna do maior partido da oposição. A questão que paira no ar é: será este um ato de audácia política ou uma aventura arriscada?
ACJ, em pouco tempo, consolidou-se como uma força incontornável e uma “marca” dentro da UNITA. Com um historial de vitórias consecutivas em disputas internas, a sua liderança parece mais forte do que nunca, respaldada por uma base de apoio que o vê como um símbolo de renovação. O seu domínio nas últimas eleições internas sugere que qualquer desafio direto pode ser rapidamente neutralizado, e as minhas interações com membros do partido confirmam essa percepção.
É neste contexto que a candidatura de Samakuva, aos olhos de muitos, configura-se como um passo em falso. A sua popularidade, outrora inquestionável, é hoje questionada pela própria base que o defendeu no passado. A derrota, caso se concretize, seria não apenas um revés eleitoral, mas uma humilhação que, com a sua idade, poderia manchar o resto do seu legado. Um “leão velho ferido”, a rugir de insatisfação, é a imagem que muitos temem ver.
A campanha, por si só, é vista por alguns como uma oportunidade para Samakuva divulgar “velhas ideias misturadas com novas”. No entanto, o desafio central não é apenas a popularidade de ACJ. A figura de Samakuva tem sido alvo de críticas por parte de uma ala do partido que o considera uma “marionete” nas mãos do Presidente João Lourenço. Essa perceção, alimentada por encontros noturnos e alegados segredos partilhados, enfraquece a sua credibilidade enquanto opositor e divide o partido em um momento crucial.
A militância, por sua vez, deve aconselhar o veterano a evitar a contenda. A preocupação excessiva com as diferenças pessoais e as críticas acaloradas contra ACJ, em vez de se focarem em um debate de ideias construtivo, apenas contribuem para a instabilidade.
A UNITA está no caminho de consagrar o seu líder mais vitorioso em eleições internas. A menos que haja um motivo oculto para a sua candidatura, Samakuva corre o risco de oferecer a ACJ mais uma vitória esmagadora, solidificando o seu estatuto de líder inquestionável e provando que a glória não vive apenas do passado, mas de vitórias no presente.
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